quarta-feira, 31 de março de 2010

A Peça

No fim, um espetáculo barato
Marionete bipolar dissimulando ato
Tentativa covarde de ludibriar em cena
A trama, o drama e a pena...
Está pregada a peça!

quarta-feira, 17 de março de 2010

O sonho da alma

Dormi entranhado nos seus desejos,
Insuflando fantasias nos meus.
Desprendi-me no sono da alma
Meu espírito, liberto, varreu anseios
Vagou com toda calma
Meu corpo, quase morto
Ressuscitou em sobressaltos
Retornou saciado ao porto
Viu-se novamente encarcerado
No devaneio do sonnho de amanhã,
E depois, e depois...

terça-feira, 9 de março de 2010

Adorável Ninfa

Eita! Mas que menina traquina
Moleca arteira
Brinca, pula, de longe bolina
Ligeira, corre de qualquer maneira
Joga amarelinha, esconde-esconde e pique-cola
Astuta, sagaz na labuta da diversão
Inventa, recria, apalpa e tateia
Cansa, repousa e recomeça a inquietação
De olhos vendados lá vem a cabra-cega
Corre, agarra... Advinha quem é?
Não é menina, nem criança
Com brincadeira consegue o que quer
Com dança vira mulher
Com artimanha deixa os sentidos de pé!
Ahh... Adorável ninfa...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Quase Todas as Artes

O filme foi como um tango portenho,
O capuccino como um chocolate suíço,
A cinta liga continua um segredo francês.
Tudo como um conto erótico,
Saboroso como um bolo de laranja,
Mas fui dormir com fome
Tive sonhos à Belle Epoque
Acordei bêbado num cabaré
Na ressaca literária pós Baudelaire
Me vi na pintura de Toulouse-Lautrec
No escarro de sua boemia Art Nouveau
Morri no simbolismo em “Uma Estação no Inferno”
Afogado numa poesia de Rimbaud.

O Céu de Lin

Quando olho pro céu eu vejo…
Vejo o que não tem fim
Vejo os olhos de alguém
Vejo o que vêem em mim
Quando olho pro céu eu vejo…
O azul dos olhos de outrem
Os astros que dizem como ninguém
Como ver mais além,
Quando olho pro céu digo amém.
Saúdo a chuva que há muito não vem
Chega em cúmulos nimbus algodão
Se desfaz em gostas vitais
Para reavivar o verde
Para matar a sede dos animais,
Quando olho pro céu peço perdão
Por vezes, o que vejo é pura ilusão
Quando olho pro céu eu vejo...
Quando olho... Sumiu
Quando vejo, ninguém viu
Quando olho pro céu...
Quando beijo
Eu vejo mel,
No céu da sua boca.