domingo, 23 de setembro de 2012

Vinho de Guarda

O tempo e a distância tapearam sentidos,
Da lembrança não restou cor
Do paladar, não lembrei sabor
Da forma, esqueci o corpo.
Tão rápido quanto o esquecimento
Ao simples tocar da língua, o total esplendor
Senti um mundo em imediata reconstrução...
Senti, ao manipular em rodopios, toda textura
Senti, ao abrir do buquê, o exalar do aroma
Senti, no deslize uniforme, a leveza das lágrimas
Senti que nem o tempo, que nem a distância
Levaram consigo meus sentidos,
Os deixou em guarda,
Amadurecendo...

domingo, 22 de julho de 2012

Alzheimer

Acho que sofro de embaralho imaginário,
Incessante arritmia desordenada.
Não recordo motivo, causa,
Nem tampouco reação.
Vez ou outra, no lampejo da rasa memória,
Revisito lembranças, há tempos emboloradas.
Antes mesmo do possível desatino,
Esbravejo à breve reminiscência,
Inconsciente e vaga recordação.
No imediato e repentino esquecimento
Não cabem remédios...
Somente paliativos atenuantes.
Sofro mesmo é do embargo do tempo.